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O elemento químico índio foi descoberto em 1863, na Alemanha. Ao realizarem experimentos para extração de tálio e executarem o exame espectrográfico do cloreto de zinco, perceberam uma raia desconhecida que levou a identificação do índio, assim denominado devido as linhas "índigo blue" características de seu espectro (TECNOLOGIA E MATERIAIS, ELEMENTOS RAROS, 1994).
O índio está localizado no grupo 13 da tabela periódica, no 5º período. É um metal branco prateado, brilhante, maleável, dúctil e cristalino. É estável à temperatura ambiente e ao ar seco. É menos volátil que o zinco (Zn) e o cádmio (Cd), mas sublima quando aquecido com hidrogênio (H2) ou a vácuo (BOTELHO, et al., 1994).
O índio possui abundância próxima à da prata (Ag), aproximadamente 0,1 µ.g.
g-1. É encontrado em pequenas quantidades em alguns minerais distribuídos pela crosta terrestre. Os primeiros minerais de índio só foram descobertos em 1963, na França (roquesita) e na Rússia (dzalindita e indita). Atualmente, apenas sete espécies de minerais foram caracterizadas (BOTELHO, et al., 1994).
A obtenção é feita principalmente pela recuperação de índio como subproduto do processamento de zinco (Zn). Existem poucas referências sobre a obtenção do índio a partir de minerais, devido a processos hidrotermais o índio associa-se intimamente a mineralização de estanho (Sn). As maiores mineradoras de zinco e consequentemente de índio estão no Canadá, Peru e antiga URSS e contabilizam juntas 40 % da produção mundial. O restante distribui-se entre China, Japão, México, Suécia, Polônia e outros (OLGA, et al., 1993; THE ECONOMICS OF INDIUM, 1987).
Tabela 1: Propriedades físico-químicas do elemento químico índio.

Configuração eletrônica
[Kr] 4d105s25p1
Energia de ionização (eV)

(1ª) 5,79
(2ª) 18,86
(3ª) 29,0
(4ª) 57,8
Temperatura de fusão (ºC)
156,7
Temperatura de ebulição (ºC)
2080
Potencial para In(III) → In(0) (V)
- 0,34
Raio In (III) (Pauling) (Å)
0,81
Raio In (I) (Å)
1,32
Estrutura cristalina
Tetragonal de face centrada
Raio atômico (Å)
1,67
Densidade (g.cm-3)
7,31
Dureza (Mohs)
1,2
Entalpia de fusão (kJ mol-1)
3,26
Entalpia de vaporização (kJ mol-1)
231,8
Entalpia de atomização (kJ mol-1)
243,1
Calor específico (cal g-1 °C-1)
0,057
Isótopos estáveis mais abundantes
113In (4,23%);
115In (95,77%)


As propriedades físico-químicas do índio, descritas na Tabela 1, são distintas de qualquer outro metal. O índio oxidado ou as ligas com alto teor de índio possuem a capacidade de aderir a si mesmo ou soldar a frio permitindo, então, que materiais revestidos com índio sejam instantaneamente unidos. Possui também, a propriedade de revestir por fricção do metal ou uma liga, com alto teor de índio, fundida, as superfícies de vidros, de micas, de quartzos, de cerâmicas vítreas e certos óxidos metálicos. Até temperaturas próximas do zero absoluto o índio retém a sua flexibilidade e maleabilidade, o que o torna ideal para ser usado como vedação em equipamentos criogênicos ou a vácuo. Nesta aplicação, o índio preenche todas as imperfeições superficiais, unindo saliências ou bordas com fugas. O índio quando adicionado em quantidades relativamente pequenas a sistemas metálicos puros ou ligas, pode aumentar a resistência e dureza das ligas resultantes. Em soldas de grau eletrônico pode reduzir a temperatura de fusão da solda. Devido ao seu baixo ponto de fusão (156,7ºC), alto ponto de ebulição (2080ºC) e alto coeficiente de expansão é também utilizado em equipamentos de controle de temperatura (INDIUM METAL INFORMATION CENTER, 1996; BROWN, 1995).
O índio metálico não é atacado por soluções básicas, ele é dissolvido lentamente em ácidos minerais diluídos a frio e rapidamente quando o sistema é aquecido, com liberação de hidrogênio e formação do sal. O ácido sulfúrico (H2SO4) concentrado, a frio, dissolve o metal com liberação de hidrogênio (H2) e formação de sulfato de índio (In2SO4) (anidro) e a quente, com liberação de dióxido de enxofre (SO2), já o ácido clorídrico (HCl) concentrado dissolve o metal rapidamente com evolução de hidrogênio. É também dissolvido por ácido nítrico (HNO3) a quente, com formação de óxidos de nitrogênio (COTTON, et al., 1980).
Quimicamente, o índio assemelha-se ao zinco em alguns aspectos e ao alumínio, ferro (Fe) e estanho em outros. Seus sulfatos formam alúmens com sulfatos metálicos monovalentes. O índio forma amálgama com mercúrio (Hg) e ligas com ouro (Au), prata (Ag), paládio (Pd), platina (Pt), cobre (Cu) e chumbo (Pb), entre outros metais (COTTON, et al., 1980).
O índio é trivalente na maior parte de seus compostos. A maioria de sais de índio III é incolor. Os sais derivados dos ácidos comuns, exceto o sulfeto, o fosfato e o oxalato, são solúveis em água (COTTON, et al., 1980).
O índio forma compostos no estado monovalente com os halogênios, oxigênio, enxofre e fósforo. Os haletos de índio (I) são prontamente convertidos aos haletos de In (III) em meio aquoso. O óxido de índio (I) é dissolvido em meio ácido com desprendimento de hidrogênio. Entre os compostos de índio mais comuns estão o sulfeto, cloreto, hidróxido e o óxido. Outros compostos são os formados com os elementos do grupo 15 (InAs InSb e InP), que são utilizados como semicondutores (COTTON, et al., 1980).
As soluções aquosas dos sais de índio III são consideravelmente hidrolisadas. Os principais produto da hidrólise do íon In+3 são íons polinucleares do tipo In[(OH)2In]n+(3+n). Para baixas concentrações de In+3 tornam-se apreciáveis as espécies mononucleares In(OH)2+ e In(OH)2+. Os halogenetos de índio formam com ligantes neutros, uma grande variedade de complexos. O InX3L3 é a estequiometria mais comum para complexos com ligantes que contêm nitrogênio e oxigênio como doadores e são predominantemente hexacoordenados em estado sólido. O triditiocarbamato, In(dtc)3, também pode ser formado pela interação direta do InX3 com o Na(dtc). Outros complexos sulfurados de índio são incomuns (GREENWOOD, et al., 1989).
Quanto a sua utilização e consumo mundial, 45% é utilizado em filmes contendo óxido de índio ou óxido de índio e estanho (ITO) para revestimentos sobre vidros. No setor eletrônico, estes filmes são usados em visores de cristal líquido (LCD's) de relógios, telas de televisão, monitores de vídeo e computadores portáteis. São usados também como refletores de raios infravermelhos sobre vidro comum. O uso em ligas e soldas correspondem a 35%. A adição de índio em ligas contendo bismuto, chumbo, estanho e cádmio diminui seus pontos de fusão (50-100°C), sendo utilizadas, entre outras aplicações, em dispositivos de segurança contra incêndio e reguladores de temperatura. Soldas à base de índio são utilizadas em computadores onde a alta qualidade é essencial, as utilizações eletrônicas somam 15% de seu consumo. Outra importante utilização seria na fabricação de semicondutores III-V como InSb, InAs e InP, devido a capacidade de emitir ou absorver radiação eletromagnética na parte próxima ou mediana do espectro infra-vermelho; são por isso, usados nos alvos de imagens de câmaras de vídeo para infra-vermelho. O índio vem atualmente substituindo o mercúrio em baterias alcalinas. Os restantes 5% são utilizados em pesquisas na área de diodos a laser e fotodetectores a base de índio, para sistemas de telecomunicações a longa distância usando fibras óticas e células solares. Outras utilizações incluem: barras de controle de reatores nucleares tipo PWR, e também na medicina nuclear, onde os isótopos de meia-vida curta, In 111(2,8 dias) e 113(1,7 horas) são utilizados para rastreamento de tumores e localização de abcessos (THE ECONOMICS OF INDIUM, 1987).
Apesar do crescimento do consumo e aplicações do índio, há ainda pouca informação disponível a respeito de sua toxidez. Estudos parecem indicar que podem causar danos ao fígado, rins e medula óssea ao penetrar na circulação sistêmica, entretanto, pouco se conhece sobre sua absorção, distribuição e eliminação, em experiências com animais ou em homens, após exposição a diferentes compostos de índio (WEI, Z; et al, 1993).

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